O meu rosto são páginas invisíveis
Que de queimadas se fazem esquecidas.
As linhas, vincadas a cinzas,
Marcam um império de estradas perdidas.
Afogado em areia imóvel
Está um reflexo breve que desvaneceu
Por si, em memórias atmosféricas
Do reflexo que sou eu,
Vejo-me de uma janela infinita
Sem piedade, decorando a repetir
Os sinais de uma vida passada
Sem viver, mas a existir.
Se um dia o mar me levar,
Corpo infectado de degradação,
Ver-me-ei do alto atingido
Em esferas perpétuas de re-encarnação,
Pois todos os dias foram
Vidas desperdiçadas, a tentar ser mais!
Num canto da chuva escorrem
Os minutos cuspidos por serem iguais.
Nunca houve um raio de sol
Que fizesse mudar valer a pena,
E quando o havia, esperançoso
Não tardava a enganar a alma, pequena,
E desaparecia para sempre, orgulhoso
De me fazer gastar os olhos em choro,
Todos os dias acabava a minha vida,
Dormia, e todos os dias começava de novo…
Agora, como sempre, morto
Por olhar para o passado, pensando demais
Num desfile de máscaras erradas,
Julgado pelo rosto, mas pela sombra mais!
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