Palavras não tiram este gosto que tenho hoje.
Ao acordar olhei de relance para onde te encontravas em vidro emoldurada, hoje pó, no passado o retrato de duas almas magoadas, tingidas e unidas por uma palavra, a mais vasta e que sai mais cara, a que saiu e caio num emaranhado lato.
As palavras fizeram uma casa, uma família um futuro uma vida, sem comprovativo de venda mudei-me para lá, onde vivi e cresci.
Na varanda sobre o mar nos enleamos tapados e cerrados de um vento hostil, e ferrados lábios tapados quando não ocupados sussurravam palavras e palavras, de ternura conhecíamos as aventuras de cada um enquanto nos conhecíamos, nos criávamos, nos explorávamos. Depois de uma refeição imprevista surgiam dúvidas mistas, arejar ajudou enquanto nos deslocávamos a um parque junto de nossa casa, aí repousamos e pensamos, eu pelo menos pensei, pensei e pensei e a ela me entreguei por palavras que proferir durante muito tempo não me cansei. De palavras só podem surgir promessas, e de promessas, surgem, neste texto, desavenças.
Eram as palavras que durante a noite me sucumbiam da cama, e me faziam deambular pela noite em que os espelhos me sorriam sem preocupação, um sorriso simples, ingénuo e amplo não me deixavam descansado, mas diziam-me para me deitar e não ligar, que o que tinha era sono e aguardava o despertar. E assim o fiz, enrolado no lençol a olhar para ti, o maior de todos os sorrisos, aguardava a chegada do sol, onde só me esperavam mais compromissos.
Ao acordar beijava um dos teus quatro cantos, e pensava no bom dia e no pequeno-almoço que te iria preparar, se ao menos a distancia não nos tivesse a separar, seria assim que seria o meu despertar, em vez disso busco pelo telemóvel e não te podendo ligar uma mensagem teria de dar.
Uma mensagem vinha de passagem, um entender trás com um propósito, mais palavras, uma finalidade, uma espera de uma resposta por consequência, eu respondo, com mais palavras, um fim de uma espera e o começo de outra, um ciclo de feras sem pontas soltas...
Mas para um ciclo, um círculo onde uma palavra teria um único entender uma única volta a dar, havia muitas pontas onde encalhar, sem apoio teria sido fácil escorregar.
De tantas pontas onde encalhar e após tantas contornar seria previsível que por uma delas iria ficar, naquela sim iria encalhar e nela escorregar, de porcelana com o ressalto ver estilhaçar diante dos meus olhos o peito que enchia da palavra “amar”.
Isto tudo para querer chegar, ao sentido do peso que é o de uma “palavra” citar, e o porque da simples “palavra” amaldiçoar. Saudável não é o quanto conforto procuramos nas palavras, saudável não é o pouco esforço que requer uma palavra e o seu fácil resultado, saudável é fazer justiça as acções prometidas, saudável é sem justificações simplesmente agir, e no final poder sorrir, sei que este esteja a mentir. A preguiça forçou a palavra a sair, e a preguiça fez a palavra cair, cair ao ponto de esta hoje não ser mais que mais um conto, uma fantasia em linhas lisas, de um tanto turvo a tinta e o conteúdo este ainda mais confuso.
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