sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Morte (Salvação ou pesar) by Scentless (texto) e The Untold (desenho)




Morte…

Arrasta-me pelo chão,
Inerte, contra vontade,
Ou leva-me pela mão,
Em direcção à liberdade,

Eu não te acho repelente,
Mas se um dia me rebelar,
Faz-me o que fazes a toda a gente,
Faz o meu coração parar…

Se uns te acham miserável
E que vens sempre antes do tempo,
Para mim és incontornável
E é sempre certo o momento,

Abraçado ao gume despido
Dos sentimentos às sementes,
Foice que sussura ao ouvido,
Corpo em que só o sangue é quente,

Às portas do infinito,
Celebra a pobre alma,
O Céu pode já não ser mito,
Mas Céu também não é calma!

Caminha no Limbo estreito,
Vê a silhueta nunca indefesa,
De capuz negro e ossos com defeito,
Mas dentro colecciona as mortes da presa,

Numa lápide marcada a giz,
Retornei ao mundo o que era seu,
Terra esconde o que Deus não diz,
Que sozinho nasceu e sozinho morreu…

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