domingo, 31 de outubro de 2010

Romancista em Lágrimas by The Un{told}

Romancista sem certezas vê-se enleado nas suas tristezas. Magoado lá nos seus areais, sozinho questionar-se se prega uma doutrina falaciosa? Jamais.
Por hábito forçado a tratar feridas de forasteiros procura respostas ao espelho, na sua cara incógnita e tapada, isolada. As palavras não lhe faltam, mas àquela língua custam proferir as verdades que não suporta ouvir.

Não consegue pagar, a moeda corrente, pois este não precisa de sarar nem chorar, é possuidor do conhecimento e do sofrimento deste. Os ventos não mudam os areais que o ensinaram a amar, ele ensinar a amar os forasteiros deve para aos ventos calar.

Mas os ventos sopram a ouvidos surdos, enquanto que as tempestades fazem ouvidos surdos.

As tempestades vão e vêm, quando assobiam não é destas que ele treme mas sim o futuro, este, ele teme. Não se pode esquecer do que o futuro lhe pode trazer, um sol duradouro e campos por colher. Lá nos seus areais as tempestades são poucas mas duradouras e o sol lá não trás campos por colher, o que trás é bem mais precioso. As tempestades moldam os areais, alastram-nos tornam-nos mais espessos e certos. O que a tempestade lhe trás são lições de vida, por cada tempestade que passa ele se ergue mais, se faz ouvir mais alto.

O amor não é certo, o amor não é correcto, o amor não é previsível, o amor é ambicioso.

O amor é uma tempestade, um temporal sem moral, que agora rebenta nos seus areais, sozinho perante este monstro da natureza, de cabeça erguida, braços abertos ele se entrega nele.

Ele sabe o que o antecede, ele sabe onde falhou, ele confessa aos ventos os seus erros e medos. Estes crescem em segundos, sem misericórdia, com desdém. Observam-no de cima, murmuram e assobiam. Fazem sombra nos seus areais incandescentes, fazem pesar nos seus ideais efervescentes. Ele sabe, agora, que a culpa é sua, que também ele podia errar.

Mestre de seus areais confia nos seus ideais e profere a verdade, a que sangra da sua boca e lhe cai nos areais: Eu não padeço de ti, eu padeço por ti, eu não morro por ti, eu vivo para ti, se tu te ergues a mim, eu não me rebaixo por ti, eu ergo-me por mim. Tu és o mal de que eu sofro o mal que procuro, o sofrimento necessário à vida e a eterna dádiva. Separados somos mortais, mas juntos, somos imortais, portanto cai sobre mim e diz-me onde errei.
Tu és o amor e eu somente sou o dono do teu esplendor.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Concha de fingir by Scentless

Nesta concha de fingir
Encontro razões para viver,
Onde toda a morte é mentir
E não posso adormecer…

Vejo o mundo de fora,
Por entre escamas de aço
É sempre a mesma hora,
Protejo-me só do que faço…

Aguardando a minha vez,
Encostado ao centro eu tento
Arrepender-me do que não se fez
Nessa pérola de fingimento,

Que me induz em reflexão,
Concha livre passa a teia,
Será que sabes ou não?
Porque eu não faço ideia…

Qualquer que seja o sentido
Dessa dor que passou
Mas poderia ter sido
Quem quer que fosse o que eu sou…

Passa-me o sentimento passado
Que se torna em futuro,
Enquanto vivo isolado
Dentro da concha, no escuro.

Parece que adormeci
Nos braços da minha concha de sorte,
Agora, farto do que não vivi
Preciso de alguém que me acorde!

(Vivendo na ilusão,
Por vezes a vida é mais real,
Os olhos só veêm o normal,
Mas deixam escapar a razão…
Essa…Essa é do coração
)

domingo, 17 de outubro de 2010

Mirror by The Untold (desenho) & Scentless (texto)



Reflexo brilhante
Se há luz no espaço,
Outrora penetrante,
Agora só baço…
E então o que faço?

Se preciso de conselhos,
Sei onde tenho de ir,
Sei quem tem de dizê-los
Quando me esqueço de sentir,
Ou não me lembro de mentir,

Tais conceitos fazem-me rir,
Se de diferente não têm nada,
E se eu nunca conseguir,
Usa os teus vidros de fada
E melhora o que há-de vir,

E se vejo o eu de agora,
Retiro as marcas do passado,
Vejo quem fui outrora,
Pela vergonha fui apanhado
E só me resta ir embora…

Espelho lindo, espelho meu,
Liberta a minha mente,
Tal reflexo só pode ser teu,
Parece que um espelho também mente,
Porque este não posso ser eu…

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Morte (Salvação ou pesar) by Scentless (texto) e The Untold (desenho)




Morte…

Arrasta-me pelo chão,
Inerte, contra vontade,
Ou leva-me pela mão,
Em direcção à liberdade,

Eu não te acho repelente,
Mas se um dia me rebelar,
Faz-me o que fazes a toda a gente,
Faz o meu coração parar…

Se uns te acham miserável
E que vens sempre antes do tempo,
Para mim és incontornável
E é sempre certo o momento,

Abraçado ao gume despido
Dos sentimentos às sementes,
Foice que sussura ao ouvido,
Corpo em que só o sangue é quente,

Às portas do infinito,
Celebra a pobre alma,
O Céu pode já não ser mito,
Mas Céu também não é calma!

Caminha no Limbo estreito,
Vê a silhueta nunca indefesa,
De capuz negro e ossos com defeito,
Mas dentro colecciona as mortes da presa,

Numa lápide marcada a giz,
Retornei ao mundo o que era seu,
Terra esconde o que Deus não diz,
Que sozinho nasceu e sozinho morreu…

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Psicanálise em verso by Scentless

Por cada palavra apedrejado,
Por saber de mais não saberás,
Ouço o grito de revolta
Mas não olho para trás,

Pois se são ecos do passado,
Tempo sem que tempo tivesse tido,
Chove, molha no molhado,
Pensa, perde qualquer sentido.

Versos soltos são o meu abrigo,

Refúgio secreto mas conhecido
De quem quer sentir conforto
Ou só em mim quer estar perdido,
Abrigo de uns, túmulo de outros…

Penso palavras, invento ideias
De um mal padecido e agora contado,
A tinta é o sangue das minhas veias,
O gosto é reconhecível no asbtracto…

De transparência absoluta
Mas mesmo asbolutamente!
Só para a mente mais astuta
É que nada é transparente,

É baço como a loucura!
De querer gritar e não poder
Se para tal não é única a cura,
É escrever, ou morrer…
O que me apetecer!

Meu estado de alma é onde não estou,
Cada toque sabe-me a facada,
Eu sei que só sou o que não sou
E só eu sei que não sou nada!

sábado, 9 de outubro de 2010

Rotina by Scentless

Pode estar tudo dito, mas não está tudo feito,
Renuncia ao estatuto de monotonia,
Essa rotina que tanto dilacera o peito,
Mas da qual só prescinde quem não tem mais um dia.

Percorrendo sempre os mesmos espaços,
Indiferença perante janelas que de flores se adornam,
Tantas vezes já vi os mesmos traços
Que até estátuas as pessoas se tornam…

Agarrando o previsível desesperadamente
Até a morte nos bater à porta,
Se profano algo digo conscientemente,
E Deus não diz nada, logo, não se importa…

Depois de acordar é que se começa a viver,
Todo o segundo se torna banal
Até se ter esse pequeno prazer
Que é a tua saudação matinal…

Só uma coisa me custa admitir,
Que na minha vida mais não há
Do que andar para te sentir
E morrer quando não estás lá…

Pois adivinhem quem não está!
E a rotina de repente não vale nada,
E ao ver a esperança esmagada
Sempre temos o dia seguinte…Então vá…

Chegou a altura de deixar esta onda,
Por retrospecção desta jornada absurda
Em que se vê que a estrada ainda é longa
E a vida, essa, é curta…

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

No Soalho Manchado, by The Un{told}

Passo atrás de passo no soalho molhado.
Passo atrás de passo num passado manchado.

No silencio deambulava, uma questão que perdura, se é pura a duvida posta pelo vestido púrpura.

Se é justo e justificável, se te manténs fiável e amável. Culpado foge à sua culpa, mas ele não foge à sua dúvida, se não será a culpa só sua.

Ainda incondicionado, escreve a mágoa que não chora, e amaldiçoar o tempo, que o faz ponderar se chegou a sua hora.

“Naquela noite, na chorosa noite, em que a hora se adiantava juntos paramos a corda, prometi-te meu corpo e alma meu sangue meu tudo.”

Esta distancia do que provou, uma coisa certa dentro dele ficou, que de tão pouco e de tão longe este amor durou e durou, amor que ainda hoje não cessou.

Precipitado e impaciente, com as melhores intenções deixou escapar as melhores emoções.

O teu corpo abraçar, teus lábios beijar e no teu peito se refugiar, no teu batimento escaldante, se sentiu acolhido e protegido, amado.

Agora ao frio e desprotegido, molhado, e envergonhado ele reconhece ter errado, cá fora agora vê o que de lá dentro não podia, o porquê de se ter apaixonado.

Estendido sobre o céu estrelado,
Pintado com lágrimas, agora molhado,
No leito da dúvida derrotado.
Um jovem apaixonado.

sábado, 2 de outubro de 2010

Final Kiss on A Cold Stone Called Bliss at the Gates of Closure by The Un{told]

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- Cold Stone Called Bliss
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“Aquilo que és, tem o seu peso
Como arma justificada
Cegamente apontada
É usada com preconceito e medo”

“De balas forjadas
Com palavras abençoadas
De livre direito e arbitro
À razão e coração apontadas”


Vermelho arrojado de um amor debotado.
Dos seus lábios só sangue seco escorre, de feridas que nem o tempo foge.
Existência esta, queria amar e viver, agora não consegue perdoar, este anjo amaldiçoar por todo o seu amor tirar.

Um ser certo como qualquer outro, embalagem defeituosa e à qual o amor faltou e a que uma amargura não lhe custou, em sonhos e lamurias e questões se afundou, mas nela se encontrou, um ser novo, cartilagens de esperança e ossos de fé era um homem novo, num mundo onde já mais podia ter pé.

Das escadas desceu, com o seu véu o estremeceu, súbita e repentinamente pensou que este anjo pudesse ser só seu. No seu ventre sentia-se quente e acolhido, zumbia um inverno dorido, mas não passava somente de um Tolo Esquecido.

Seus atributos mantinham-no ocupado e distraído, enquanto emaranhado e amarrado, era explorado.
Era mantido naquela teia, numa luxúria eloquente abastecido de ilusões ardentes.

“- Desceste em mim, de trapos gloriosos no entanto rasgados, esquartejados pelos ignorados resultaram arcadas para em visão nua e crua observar tua pele colorida e despida, que visão magica a de esses trapos no teu corpo tão pesados e esboçados, de um tecido banhado em falsidades e vaidades, quase como tu, ousados e intimidastes ambos o são, à que combinação tão majestosa. “

Alimentado com uma venda diante dos olhos sequestrada, sem algemas ou esquemas, era simples e natural, que homem não cai na doce e reconfortante tentação e de sentir um corpo como o dela, suave e exuberante, lento à face do tempo, como se sempre jovem?

“Não podia já mais
Deixar de apreciar
Um corpo nu por acariciar
Fase a tais desejos carnais”

“Um pena como sobre mim,
Cadeia um peso notável
De ti uma luz inigualável
De um vestido pesado de cetim”


Seus olhos em ti caiam, enquanto os imperiais ventos zumbiam ao teu encontro, que encanto, como te manténs inerte e firme perante o tempo com esse manto humano. Um anjo pelas mãos dos ignorados mestres forjado, pelos seus progenitores amado, de uma linhagem infértil, que só com a essência e um tolo bastardo nasceu, de sangue e suor apodreceu ao ver as asas bater, morrer.

Uma existência assombrosa, ao lutar e sacrificar uma vida por algo nobre que mais tarde apesar de amada e respeitada, ser considerada duvidosa, é o resultado do peso em mãos finas e mesquinhas.

“- Quando teus braços com suas mangas rasgadas me acolheram com a sua imensidão eu podia ver, o transepto preenchido de tatuagens de relevo, o desejo, os portais, para jamais teu corpo poder imaginar. Um transepto tão belo e clássico como a propaganda do dito inocente no espeto.”

Muitos tolos já caíram nas tuas graças, explorados, violados, roubados de suas vidas, seus sonhos e desejos. Como mulher, hipócrita és, submeter os tolos como animais aos teus desejos carnais, por ti, carregarem os espelhos das tuas ilusões, por ti se submeterem ajoelhados perante os teus reflexos babados na Rosácea, com os sonhos estilhaçados. De olhos molhados, escorrem rios de duvidas e de porquês, agora sabem o porquê de não se comprar sempre ao mesmo freguês.

A tua proximidade com os céus não foi deixada ao acaso, uma divindade inquestionável era necessário, para e também impressionar aqueles que de lá longe para que pudessem ao observar não duvidar, do quanto longe com essas asas chegas-te, num mundo de pecadores e sonhadores.

Elas batem, à pois batem, como pedras no soalho gastam, de mãos armadas com ferramentas trabalhadas, movimentos acentuados de chicotadas sem marcas vão buscar armas a outras camadas, de cá de cima de onde traça faz raça.

Arte representar e ensinar, apontamentos antigos uma arte de elevar aos céus, através da tua razão e imensidão ilusão. Requintada sustentas a ilusão, imagem carnal de conceitos e leitos suspeitos, uma fachada idealizada e respeitada.

Guardiã dos valores espirituais e morais.
Qualidades invejáveis as tuas com o dom da palavra de ensinamentos escolásticos.
Pois onde chegas-te é de admirar, mas teus erros sublinhar pois já são mais do que uma mão possa contar, e desse modo não se podem deixar de evitar.

“Nas tuas mãos chapinhei
Como peixe feliz respirei
Como homem te amei
E como peixe não pensei”

“Eloquentemente vivi
À custa de ti que nunca devi
Mas contigo vi e senti
O que nunca quis, mil febris.”


“- Nas arcarias, não te bastavam as aias, mas eram também reis e lordes, não te bastava, gula sem fartura tinhas de prova de tudo, o teu ventre saciar, um bordel alimentar, com xulos a cobiçar e acompanhantes como tu a chatear.”

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- Final Kiss
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Quando em vale de lençóis, um calor depravado pois sois como mil sóis. Nua e crua a mim te entregaste gasta e rasgada, mas eu cego, e embaraçado, sentidos nublados.
Teus orifícios, cantos e recantos explorar para a minha fome matar pensei. Não podia já mais prever onde me ia meter.

Desprotegidos e desinibido, mergulhei de cabeça sem pensar, naqueles vales por explorar dei uso à Machete para cortar mato, em perigos eminentes andei descalço dado como um chamariz, em vez de cauteloso e atento, nariz empinado e orgulhoso.


“- Caminhou em pegadas apagadas de caminhadas passadas, caminho como evidência de crimes esquecidos pelo tempo e apagados pelo mesmo”

O meu corpo sobre o teu com a tua vontade sobre a minha, uma disputa viciada, tremia minhas mãos, desamparadas, revoltadas.
Aéreos na sua estrutura, sua função, receberem o meu peso, o peso que é das minhas mãos, nas abobadas nas suas nervuras e naqueles que se projectam de maneira irreal a alturas vertiginosas.
A tua posição tão aberta e estável, tão sensual e invejável, quase sobre contrafortes.

Naqueles que se afirma se projectando me perco, me entreténs, como duas luas hipnotizantes, no céu estrelado sobre as nuvens e todas as estrelas cativantes.

Pinto o céu molhado, as nuvens chovem e tu molhada, pingas e pingas atrás de pinga e pinga.
Estas pingas, escorrem pelas vastas abobadas, deixando-as escorregadias, lubrificadas.
Nervos e relevos fazem escoadas culpadas, meu ceptro seco fica regalado e eriçado.


“- Comportamentos do lado da razão, dizias, justificados pela palavra, rias-te, pelo que é justo e correcto nesta terra, murmuravas, as questões manchadas eram te apontadas, dispersavas, enquanto a ele te agarravas e nele sugavas e chupavas.”

Respiração, quente ao meu ouvido, sussurros comichosos e molhados, faziam arrepio pela espinha e ossos, estes pesados e fracos. Recordações de um passado atrasado, de pernas curtas e braços largos, cansado.

Quando tinha de aguardar, sentia-me perdido, sem voz, surdo e mudo num mundo confuso, sem uso. Esquecido no meio dos encontrões à espera nos degraus, frente aos portões. Deambulava ao silêncio de mãos no peito, em repouso estendido, confinado no escuro e nas sombras, olhos regalados e ensanguentados, secos do tempo a tremer de medo.

Por perguntas colocar sem respostas possíveis dar, depressões aos ombros com sem faces visíveis, todo o redor infectado crianças e bebes manchados. Ruas frias e estreitas de simetrias, sem faces frente a frente, sombras no escuro faziam eco no silêncio, onde a traça zumbe se faz raça, faz comichão e dói mas não se pode coçar, bem tentei e falhei.


“ - Onde o amor falhou como o mundo que o abandonou, a mágoa e dor não lhe custou, neles se encaixou e repouso como criança amamentada do seio das sobras da escumalha.

- Enquanto nua e despida a rua estreita e severa, numa subida acentuada e molhada, ele rastejava, acompanhado somente pela mágoa e água que o encharcava, fazendo o pouco que vestia mais pesado e cansado.

- Naquele dia, um como não outro, ele chegou ao fim da rua, e sobre ele um anjo desceu, tu armada e de espadas carregadas cravas-te as tuas garras numa presa ferida, onde já havia rasa e muitas traças.”

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- Gates of Closure
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Teus lábios molhados toquei e com os meus cruzei, mordi e puxei para mim faminto. Queria sentir a tua palavra molhada, essa língua perturbada, sentir o teu julgamento no meu corpo.
Enquanto descias impiedosamente, desalmadamente, marcavas um vasto rasto molhado e babado. Era um julgamento, uma prova para ela, do meu sabor, do meu valor.

Palavras de uma polaridade certa de dois lados de espadas erguidas de uma batalha por chegar, um final ainda por testemunhar.

Nos meus peitos roçaste essa cobra sensual, no meu ouvido sibilaste e nas minhas virilhas te entrelaçaste como um ritual um banquete para te saciar. O eterno julgamento é húmido, e desinibido, desprovido e faminto.


“Olhos presos em veneno, feridas lambidas e sussurros de metileno. Que me custa, tu dado e apanhado, nestas teias de saliva, ingénuo às unhas que te rasgavam a pele e que te acariciavam.”

Esboçado com timidez, frontal, e reconhecido pela sua rigidez, entre declives acentuados redondos e depravados. Invisto de cabeça erguida, com as mãos despidas afasto os declives.
Entre a simetria reconheço uma baixa volumetria.
Canal de uma via antecedido, agora uma excepção.

Um portal em sombra, só nele em sussurro entra os que da sombra vêem.
Meu desejo este, de explorar cada canto, agora explorar este manto.


“Normalmente esquecido, humidificado e moribundo, não é oferecido pela pouca decência, é poupado e pouco procurado.”

Deitada, respiração sem compaixão, a um ritmo exuberante faz batida perante estas paredes em que o eco confessa as suas acções.
Estes meus olhos perante esta visão nua não conseguia ver nada mais se não ternura, um corpo sem amargura.

Mostraste-me o caminho, nas linhas da frente carregavas a artilharia e nas linhas de trás abria espaço à mercadoria e preparava-a para entrar pela simetria acima.
Abriste o canal, sem medo ou mal eu entrei sem olhar marchei marchei.

Condições estreitas e calorosas, cá fora no tímpano, braços carregados a maços de tecido como se carregasses o dito convicto como em memória.

Acompanhados e amados, tolos e culpados como eu, dados e com o tempo descartados.
Questões colocava, o que levara um rei a ajoelhar-se? Não é um rei digno de se manter imóvel ao espaço e ao tempo contínuo? Seria então Luís VII mais um tolo esquecido, deleitado na tua cama, explorado, manipulado e esvaziado no teu útero?


“Tuas influências, sem limites, tuas pernas abertas, de uma acústica rústica, eco surdo e mudo.
Ignorado mestre, não dum qualquer, um Cónego no puder virava-te do avesso ao anoitecer. Tuas linhas tecer, teus valores esquecer de coser, e num plano de fundo, com tesão aliviar a pressão.”

Com ela senti, mil sois, em mim uma força inconsumável, de veras, indomável.
Por e ao entrar naqueles vales, quentes e acolhidos, de paredes pintadas e gastas, de odores culpados, de um branco choroso às paredes de um portal vaidoso.

Ainda me recordo, seis austeros firmes e convictos, depravados e sucintos à espera da recepção da bênção e coroação.

Alimentar-se da minha natureza, a minha essência, para me deixar cativo e faminto, e dessa forma obter mais um tolo esquecido.
Tinha entrado e por muito que forçasse a saída á muito que fechada, mas forçar foi algo que não fiz, na altura regalado, não quis.


“Num beco, preso inconsciente, um ar frio e seco faz arremesso ao seu redor, não é de veras suficiente para fugir das ameaças que cessam para além das Rosáceas. Curioso é, que a luz que te ilumina e te identifica, que o indicou aos teus pedestais na procura de certos, correctos e convictos ideais nunca o abandonou muito pelo contrário, da tua presença sempre o salvaguardou.”

Finalmente tinha encontrado um local tão belo e apaixonante, com um realismo acentuado e um vasto volume corporal. Fui recebido e agora no berço, no seu útero estava livre, protegido e recolhido, mas acima de tudo iludido.

Continuei como ela queria, guiado pelos seus movimentos era ditado e dissecado consoante os seus desejos e enriquecido com juramentos para a eternidade.

Um erupção eventualmente era de esperar, enquanto que ma puxavam para fora com movimentos de fricção, portanto era inevitável, não me guardei, não pensei, não hesitei …

No auge, num patamar superior, observados, eu benzi-a com tudo o que tinha de mim, dentro de mim e logo a seguir foi coroada e, como agora na presença de uma divindade reconhecida, eu cai deliberadamente dás mãos que tanto me prometeram não me largar.

Naquele momento de maior fraqueza e vulnerabilidade em que o passado não teve piedade e as minhas mãos agora manchadas com a verdade, após anos sem maldade, uma alma já castigada e punida, culpado por os mandamentos quebrar e por aos sem face faces dar cair outra vez ao fundo muito lentamente, sem conseguir respirar.


“Perdera os seus privilégios e já não era visto como merecedor mas antes como um tolo pecador, sendo o seu único pecado, nesta ultima vida, o conforto não questionado, a ingenuidade deliberada.”

Ao cair de volta à rua que subira, os portais que trespassara e violara não esboçavam feições de prazer e lazer com quem no pecado andara, agora rir pareciam, sem remorso.

"É uma história de amor, um amor inocente e demente, um carinho meigo e quente desprotegido e carente.
“Uma fé como não outra, uma devoção cara e com juros. Uma tentação de descarregar nela os nossos pesos e medos, uma luxúria uma sensação de liberdade, uma melodia de vaidade para ouvidos surdos só.

Como erro em geral, uma lição tirar, umas portas abrir outras fechar, caminhos passados não esquecidos mas outros seguir.
Ela não te pode segurar nem amar, de uma passado já confrontado e abraçado, sobrou uma traça do terraço, uma infestação quase vencida prova-se desinibida e invicta.”

“É uma historia de amor,
Por aquela que só causou dor
No inicio, nestes dias frios um calor
No coração, amolecido, se fazia furor
No seu interior escondido no tempo um odor
Previa um final manchado, tantas esperanças num legado de terror.”