Sempre que vejo luzes em mim,
Lembro-me de quão longe o céu está,
Ofusca-me o brilho das sombras terrenas
Enquanto espero a escada que sobe até lá,
Peço perdão a quem desiludo,
Mas tornou-se um fardo ser pioneiro,
Por vontade própria desisto
De ser das minhas vontades prisioneiro!
(Abro a cortina ao próximo a ser o primeiro,
Coitado, apenas nas palavras inteiro…)
Torno a voltar-me para gritar acima
Ao Inferno que me gira e torna preciso,
Toco com as lágrimas na face de Deus
Para que deixe para sempre de ser indeciso!
Abre-me a pele e debruça-te!
Descobre-me o peito e o que ele encobre!
Rouba-me o coração fragmentado
E deseja-me o sono e quietude por sorte!
Deitado na nuvem de lã e afecto
Subo as escadas em febril desejo
De encontrar o paraíso de um homem só,
Perdendo o contacto ao Inferno que vejo,
Tanto o mal que este mundo nos fez,
Qual a imensidão de caras distorcidas,
Recordações esquecidas e escapadas por pouco,
Com as mãos enlaçadas e as almas mordidas,
Rebato o pensamento do fim que chegou,
Certo do incerto que é ser mortal,
Penso no sonho que te trouxe a mim
E penso na tua morte, mas não por mal!
(Para acabarmos em pó num abraço sem fim…)
Chegado ao topo, já nem vejo o chão,
Um sorriso na cara e um arrepio de frio,
Sem medo da morte, dou um passo em frente
E em vez do paraíso, caio no vazio…
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