quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Olhos de Vidro by Scentless


O que sei, de outro tempo,
Um corte na pele e um silêncio indeciso,
Por lutar, um fio de luz,
Que tão depressa aparece como se reduz...
Trouxe-me atrás, já profundo,
Adormecido em veias de céu,
Por entre o mar, atravessado entre placas de ouro
E a gostar, parece uma mão infinita,
Mas por entre os teus olhos já só estou eu;

Se fosse sempre um só olhar,
Por entre um sopro, a voz de alguém,
Murmura um leve respirar,
Mas eu não nasço por ninguém.

Logo após um sentimento, tão ingénuo quanto perfeito
E a voz, que pára por um momento,
Tão cedo engasga como é levada pelo vento...
Vivo atrás desse tempo,
Em que chama vem de dentro e o fumo chega ao infinito,
E os olhos já só veêm por amar,
Mas que há para ver se não se ouve chamar...

Se fosse sempre um só olhar,
Por entre um sopro, a voz de alguém,
Murmura um leve respirar,
Mas eu não nasço por ninguém.

Flutua e dorme por um instante,
Fica apenas nosso esse curto segundo
E a sonhar, o mundo é distante,
E a sombra de nada está já ao nosso alcance;
Num toque leve e inseguro,
Meus olhos vidro e minha alma papel,
Dançando breve e rasgando-me em curvas,
Corpo de letras e poesia de pele...

sábado, 18 de agosto de 2012

Fim by Scentless

Sopra o ar e vive para sempre!

Nada do que dizes está bem,
Teu corpo avarento já não me dá luz,
Perde esse dom de sentir dor
Como um ruído sem som que o teu ser produz,
Não me peças mais do que eu quero ser,
Por entre as almas há espaço para mim,
À mágoa invertida chama-se prazer,
Parto do chão...

E chego ao fim!

Ama o que fazes, animal que és,
Calor impreciso de mãos a arder.
Suave o tecido que a chama tinge,
Da cor desse sopro, já gasto de ouvir,
Dança e mente que não te sentes bem,
Inveja é feia, mas ciúme não é,
Neste amor de neve onde faz frio,
Para gostar...

Sinto-me vazio.

Esses olhos já mentem por mim,
Que saudades de estares amarrada,
E ser livre nessa ilusão errada
E seres lua,
Por entre copos vazios de nada,
Esses romances de capa estragada,
Sabes a sal e a beijos amargos,
Imagina o preço de voar!

E a gostar...

Chega-se ao fim.

sábado, 11 de agosto de 2012

Monstro de Solidão by Scentless

Eu vi nascer
Algo melhor, algo que se perdeu em ti,
Em formas imprecisas
E eu gostava tanto do meu canto de escuridão,
Além de força,
Eu vi-me nascer...

Monstro de solidão...
Em meu corpo de luz...
Monstro de solidão...
Em meu corpo...

Num quarto frio
Entre amor que se faz,
Já perdi a conta
Aos sítios em chamas para me abrigar,
E entre olhos vendidos
Eu juro que eu serei só mais um...

Monstro de solidão...
Em meu corpo de luz...
Monstro de solidão...
Em meu corpo...

Ainda vou ser
Esta loucura consumida a partir de dentro,
Olhando para trás, com esperança,
Já devia saber que não se faz...
Foi um dia teu,
Por entre acasos de papel e raiva,
Agora quero dormir,
Mas já sou inimigo da escuridão,

Monstro de solidão...
Em meu corpo de luz...
Monstro de solidão...
Em meu corpo...

Se esquecer é matar
E matar é perder,
Então perder é amar,
Porque amar é morrer...

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O Porquê de ser eu a Escrever e tu a Ler ... by The {Un}told


Questionado, pela demora da faca no alado, não sabes tu, que este chora
Vermelho que transborda, ferrugem e nicotina ...
Vícios e delírios, traduzem lamurias de ingratas luxurias ...
Intenção propositada em traduzir, consigo tal na tua retina reflectir?

Como a vida é cheia de verdades e eu não sou uma ...
Como não me acho quando procurado ...
Como me encontro encadeado, jazo preenchido de vazio quando confrontado pelo ambíguo.
Corpo de expectativas, definido mais como um de esperança do que um de Direito.
Mas quando nesta cortina esbatida, quando recolhida, abatido, mas satisfeito?

Não ...
A retina confessa, em sussurro o que o cérebro processa, em tumulto.
Como te entretenho ...
Como te satisfaço ...
Como te dou um propósito de ser ...
... tu a ler e eu a escrever.

Minhas lamurias e eternas duvidas
Satisfazem curiosidades mesquinhas
Teu contentamento pelas minhas injurias
É um preço medonho e distorcido
Mas em fúria continuo a viver e chego a ser ...
enquanto tu a rir ... acabas por na penúria morrer.

Pois a vida é bela enquanto esta queima.
Como um vela incandescente que ilumina e refracta como uma nascente ...
Mas quando privada a corrente não flui, não jaz num rio e não evolui.
Sedenta acaba por morrer ...
... paisagem inexistente de resplandecer.
Vida imaculada que não chega a florescer.
Mais uma vela que se apaga por oxigénio não beber.

Palavras de simples rigor
Possuem teor de honestidade
Não sou mais que tu nem menos
Sou vida e um dia a morte ...
Mas hoje a posição é definida.
Ser aquilo que um dia posso nunca chegar a ser.
Humano em rigor, a sofrer para poder crescer.

Ao contrário de muitos que deambula.
Pregadores de mensagens se intitulam.
De muitas formas e feitios todos prometem.
Paz e perdão de língua afiada.
Tão fácil como absolvem
para uma justiça, uma fachada.

Palavras de paz vociferam
Frases construídas letra a letra
Muito dizem e a pressupostos remetem.
Como me vêem e me conhecem ...
Como me pintam e preenchem ...
Como me oferecem um sentido, uma razão de ser ...
... eles a escrever e eu a ler.

Sendo honesto mas não ingénuo
Agradeço a intenção mas não me queixo por atenção.
Recorro a palavras por gosto.
Percorro estas com intenção.
Imaculada motivação de um dia a alguém chegar ...
Como um beijo, seja doce ou amargo ...
... seco ou molhado.
Seja o toque frio ou quente ...
Não interessa.
Tudo se contorna menos o que nos bate de frente.

Não são promessas que me constroem
Nem são as palavras que me definem
É do sofrimento, das duvidas, as eternas lamurias ...
que me ergo para viver e de pulmões cheios responder:
"O hoje se reescreve amanha
as experiências definem o caminho
realçam o tracejado para o indefinido, o mais belo e incompreendido ...
... o próprio desconhecido.

Portanto eu vivo ...
Portanto eu sofro ...
Portanto eu aprendo e me questiono
se não vivemos todos num mundo sem dono?

Portanto eu escrevo e continuo a escrever.
Tenho expectativas, sou profeta a meu ver ...
Que vós vejam com olhos de ver, o que sou e o que tenho para oferecer.
Para que no final chorem, ao saber
Que não só se cresce a ler
como lá fora, a sofrer, têm a melhor forma de aprender.



segunda-feira, 9 de abril de 2012

As Nothing Ages by Scentless

When we destroyed
What time couldn’t built,
Erasing the pages
That life couldn’t fill,
Below the distraction of shade,
Followed things meant to drown,
And the voice that was whispered
Came screaming through now,

Like the silence of a smile,
That time itself devours,
What we gave up in pain,
We now claim back as ours,
Constantly shifting back to shape
In a rhythmic dance exhaling fire,
Coming from a beating drum
Inside a chest we called body…

The shrine of one’s thoughts
In a form of a shell,
Re-ignite what was lost,
As children we disguise ourselves,
Foretold in a future so distant, yet close,
Coming farther than this, for no reason we approached,
And it began as a kiss, as a memory, as a rose,
Inhaling the senses the water once showed,

From this insignificant and ignorant self,
Efforts and deserts in self-indulged pain,
Realizing the brightness and the light going dim,
But the magic itself is always present, yet thin…

For those who have eyes with crystal inside
It can come as more clear than the day turning night,
But there are darkened visions and mirrors besides
What we see, they pretend, condescendingly try…

Furthermore than to see, it’s to come close to the scent,
And to feel once again the drum beating inside the chest,
You can lie and be weak and then try to repent,
But when it’s real you can see that nothing tastes best…

quarta-feira, 14 de março de 2012

Nota Editorial by The Un(told)

Há dois anos surgiu uma sugestão, a criação de um blogue com o simples e modesto objectivo de um espaço dedicado ao alívio e há partilha do que nós temos de mais verdadeiro para partilhar.

Por dois anos este blogue tem sido alvo de todo o tipo de tumultos, desabafos, crises existenciais, depravações (Obrigado!) e reflexões pessoais por parte dos seus autores entre outras formas de manifestação. Apesar de muitas vezes as obras aqui expostas carregarem uma grande cotação negativa e assentes em pilares de angústia, magoa, tristeza e todas aquelas comichões chatas que nunca parecem se dar por terminadas é com grande orgulho e carinho que posso dizer que temos recebido elogios e conseguido chegar a uma plateia de espectadores dedicados e atentos que se tem mantendo “fieis”, chamando há atenção que como o Scentless mencionou na sua Nota Editorial esta sugestão de blogue está quase a ter 2000 visitantes, se é muito ou pouco, fica a vosso critério, mas que é bem mais do que esperávamos não se discute.

Há um ano, eu e o Scentless publicamos uma obra em colaboração que como ele disse nos desafiou a níveis nunca antes testados e levou-nos ao limite, tal obra foi a “Tela de Pintor”. Uma colaboração que tem muito que se diga. Para a realização dessa obra foi definida uma estrutura de texto, tínhamos (não muito detalhado) um tema, um assunto de que queríamos partir mas tinha de haver regras, evidentemente. Tal conceptualização não era para mim algo novo mas antes pouco trabalhado, quando escrevo sou na maioria das vezes levado pelo instinto e picado pelo carácter emotivo, como melhor exemplo dei-vos a obra “Violado/Retracto” que retractava isso mesmo. Obra que fala nada mais, nada menos do que a “Inspiração” a minha sorte e desgosto. Agora têm a resposta ao porquê de não publicar textos com tanta frequência quanto gostava, porque não consigo.

Apesar das dificuldades e do tempo que na altura tínhamos para a trabalhar e a publicar, a obra “fluiu” com uma facilidade abismal. Como duas peças do mesmo puzzle não ouve margem para possível conflito, ou duvida. Quase místico, a obra fez-se sem darmos por ela.

Este ano que passou foi de facto algo bastante curioso, deu-se uma transição muito brusca, acontecimentos que ao relembrar hoje até há visão ofusca. Mas com o novo, o desconhecido, vem conhecimento, experiência, sabedoria. Apesar do numero de publicações ter sido muito mais reduzido este ano é com muito orgulho que leio e relembro qualquer obra e momento aqui presente, com uma historia por detrás, uma razão.

Mas os parabéns este ano estão também para o Scentless, que ao longo deste ano contribuiu a um ritmo activo e extremamente produtivo, mantendo o equilíbrio perfeito de quantidade qualidade. Produzindo obras que em termos de qualidade estão no topo deste blogue, e tal facto, não se discute.

Evidencio e recomendo obras como “Indifferent” em Inglês, “A despedida” em Português e “Anti-gravity explanation” (principalmente) para evidenciar opinião.

Hoje olho para estes dois anos e é impossível não notar no crescimento que berra neste blogue obra atrás de obra, um crescimento pessoal e de escrita. Um crescimento que para o mal e para o pior partilha-mos com vocês ao longo destes 2 anos e que esperamos que tenham desfrutado.

Como uma odisseia, existe um aspecto essencial que predomina sobre todos os outros, a própria viagem, quer seja mais ou menos produtiva é a companhia que no final mais interessa. Felizmente, melhor companhia não podia ter que a do meu colega Scentless, que me ajudou a salientar o interesse pela escrita, a amadurecer e a enriquecer a mesma tempos antes de este blogue ver a luz do dia.

Despeço-me deixando assim os meus parabéns ao Reflexos Moribundos, e peço-vos que continuem a desfrutar da viagem.
Obrigado.

Nota Editorial by Scentless

Passou mais um ano! A contar já vão dois e este blog continua em pé, saudável e ainda a proporcionar momentos de puro alívio para ambos os autores atormentados que nele participam.

Faz hoje um ano que eu e o Untold nos propusemos a fazer algo que nos desafiou até ao limite, mas que deu um resultado frutífero, elogiado por diversos fãs do nosso blog; esse algo foi a colaboração "Tela de Pintor", um texto conjunto com uma escala nunca antes vista em nós e que foi o primeiro marco de um ano importantíssimo na nossa escrita.

Digo isto porque foi um ano ao longo de qual se revelou sem dúvida um grande amadurecimento na escrita (pelo menos no meu caso) em ambos os idiomas e em que foram produzidos alguns dos meus textos mais elaborados e que terão sempre um lugar especial na minha galeria de favoritos, como "Wings", "Indifferent", "Mr. Sunshine Commits Suicide" ou "Flor de Papel", apenas para referir alguns.

E embora sempre mais discreto (enquanto eu produzo textos a um ritmo industrial, ele é mais pausado, mas também é cada contribuição, cada obra-prima), o Untold também amadureceu a sua escrita ao expandir os seus horizontes em termos conceptuais, mas sobre isto ele discutirá na sua própria nota.

Reconheço também que nesta recta final o blog perdeu algum fôlego (prova disso são os escassos 3 posts em tantos meses), quer por falta de tempo, quer por falta de inspiração (embora tal nos custe, ainda não conseguimos mandar nela...), mas tal não significa que ele está a morrer! Prova disso é que espero em breve publicar um post em que tenho andado a trabalhar vai algum tempo e que se afigura diferente do normal (esperem por novidades, valerá a pena!) e, apesar de este ano infelizmente não conseguirmos fazer nenhuma colaboração, aposto que o Untold também terá alguns trunfos na manga para o novo ano.

Por fim, quero apenas agradecer aos fãs do blog (quer os velhos, que estão connosco desde o início [sim, estou a olhar para ti, Marta], quer aos que nos juntaram ao longo deste ano em que blog esteve em franca expansão) e reconhecer vitalidade a este blog que se aproxima a passos largos dos 2000 visitantes e que já publicou 57 textos de grande qualidade ao longo de dois anos recheados de boas memórias!

Sem me alongar mais, muitos parabéns, Reflexos Moribundos e vemo-nos para o ano!

P.S.: Que raio de co-autor seria eu se não agradecesse ao meu colaborador, Untold, por ter tornado isto possível e por ainda hoje ser um acérrimo crítico do meu trabalho, se gostam de algum dos meus posts, muito se deve a ele!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Wings by Scentless

What are all these tales we’re supposed to romanticize?
Through all that indifference and hatred,
Soon the length of our armor will make us drown
Can’t you see we can’t support our own weight?
Ripping the circle apart and sewing it back on,
It’s not inhuman, is just impossible…
No more reason to stay in the fire long enough
To get out is to be free…

Complain about the shadows who were faster than us
Now, but back then you gave them wings to fly,
Both alone in the dark communicating by whispers
And at the nineteenth time all I still hear is “Why…”
Were we the heroes we were supposed to incarnate?
Or were we a pale reflection of what everyone sees…
Erasing all the butterflies and roses in one’s thoughts,
Freedom became an answer, but it wasn’t supposed to be…

Are we lost in what never will make sense again?
Close enough to whisper but never again close to kiss,
This was never as much as mine as it was pretending to be,
So long, the wings are on fire even in our dreams…

One step, dripping blood, the door opens,
Step after step, one leaves the room in the dark,
Soon enough, the door should be closed,
The blood is not a footstep, is a battle scar…

Rope forced, skin hurt in this invisible trial,
Long loved, soon burnt, for nothing at all,
Impossible to see, unworthy just to say “it’s enough”,
More than just to hate, is time again to fade in touch…

Bled enough to die, drank enough to cry, but still lived once,
Talked enough to lie, failed enough to try, and still does…

Freedom may be not a wish, but it’s a reason to fly away…
Can’t you see that we’re alright and that it’s time to leave it in the shade…

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Anti-gravity explanation by Scentless

No more accidental believes
In what’s to come, in what’s near,
Complaining about everything,
Invisible wounds upon the skin
Threatening isolation
Moving towards projectile incubus
And now I am a warrior
And now I am a prisoner!

From the top of what we see,
There’s so much in between,
From eczema volcanoes to condescend confessions,
I hope we seize to be delayed…
From the tundra in my dreams
We cast our hearts to breathe
And find ourselves so reluctant to take them back with us,
We all philosophy in pain…

Looking in a shelf,
Find that mirror that takes me away…
Pass those silhouettes,
Lost in a past so astray…
Came from all this love…

No remorse from childhood,
Chose to become a man
In few years the weakened flesh
Chose to devour itself instead,
Remarkable observations
Made in deathbeds, candle vigils,
They never mean anything but we sell them
Because life is told by an idiot!

Let the innocent rest in peace
Never chose what to believe,
Symptomatic disorder of bulletproof anger,
They always drown themselves in rain…
Residual photograph from the ink of memories,
Despite those addresses are colored in paper…

We all asphyxiate from the smell
Of bleach mixed with residual semen,
There’s more in this cadaver than he prefers to tell…
Consumed in agreement from all parts in whispers,
We crossed from the generation of heathens
And called ourselves what we should say in them…

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Questão de resposta Assolação, by The Un{told}

Beleza, suavidade, conflito agridoce, porque que me persegues?
Com esses olhos, rosa carmim, que me enlouqueces?
Melodia como de encantar, em cada homem caminhar, um traço rosado a desbotar ...
Como deambulo em tua direcção, como me ofuscas o coração?
Questões te ponho,porque fujo à razão?
Num misto de sons, sou cativo, misto de questões nestas em que vivo ...
Como me recebes, numa mão uma caricia noutra uma arrelia?
Encarapuçada és uma deusa rebaixada ou uma farsa disfarçada?
A tua razão, tua motivação faço questão, uma resposta ao meu coração.
Para que não sofra de todo o mal que é, o desejo, a ânsia, a devoção, excitação de emoção.
Um jogo aguçado, por palavras usado, a sussurros se fazem uso, feitiços de amor e terror.
Feitiços em que me jogo, sem pensar no que aposto.
Dou por mim cheio de vazio, para teu esplendor meu sacrifício.




Um andar de cortesia, de uma beleza que fasquia, uma figura, uma razia.
Devastas traços quebras laços, em território hostil és destruição, assolação.
Como numa batalha, te lanças, erguida, diante de mim te ergues nua e desinibida.
De joelhos suaves, tímidas e singelas que pernas belas.
Equilibrada te mexes, como quem sede à sedução, numa dança suave mexe a anca como quem clama atenção.
Ohh tu, que me fizeste? Que me enfeitiçar-te, a mim sol e tu lua, porque me amaldiçoas-te?
A viver no horizonte vidrado, a questionar a distancia desse corpo alado.
Não perdoo a visão,a vela estendida indefesa, provocadora, sedutora.
Enquanto os seus peitos expiram e inspiram e os seus seios cativam numa canção, o belo som da sua respiração.
Deitada, repousada, olhos carentes, corpo sedente
Desejada visão, anseia pelo toque, pela emoção, que de joelhos clame perdão.
Pelo rastilho que levou a esta tensão o meu sangue em mim, dentro de mim.
Numa corrida de euforia, pelo teu toque, tua doce infâmia.




Na calçada ela jaz encarapuçada, em jogo aberto, seu corpo sua arma, seu sorriso seu escudo preciso.
És criatura, fera magoada que viras-te as costas à ternura? De garras aguçadas pelas paginas de vida rasgadas.
Contam uma historia selvagem de actos molhados, lágrimas de amargura?
Memórias de pilhagem, abusos e furtos, uma colheita de frutos hediondos.
Ohh tu, porque tens de te fechar, não é o teu corpo que quero explorar mas o teu coração amar.
Pois sou humano, embalagem defeituosa, como tal propicia há dor de te ver silenciosa.
Para ti sou mais um tolo, tolo por te amar, por te tentar mudar e por a ti me afeiçoar.
Pela dor e tristeza, posso ser só mais um, mas como este não há nenhum.