Fruto de uma existência impedida
Por cortinas de fumo que se erguem de pé,
Enrolam em si esperanças sentidas
E expressam o desalento que já não o é.
Numa dor carregada de pétalas dormentes
E explosivas numa cor alegre e sem fim,
Qualquer que fosse o dia da minha morte,
Colheria uma rosa de vontade do fim,
Como uma gota de nada numa chuva agressiva,
Em raiva moldada a partir de um só sentido,
Ardem-me os olhos de fixar a alma nociva
Que se esconde no coração das gotas de vidro,
Destroem-me as forças, mas algo alimentam,
Dobrada pela mão de um arquitecto qualquer,
Brilham em papel forjado, pétalas que mal se aguentam
Desta violeta-rosa-tulipa-malmequer,
Que da indecisão nasceu, malfeita,
A braços com uma missão envenenada,
A de equiparar-se a uma beleza perfeita,
Se não me roubar os olhos, está condenada…
Agitando-se ao vento como se fora real,
Colhida no teste que marca a certeza,
Substitui a palavra que nunca soa igual
E transmite o pesado sentimento de leveza…
Da incoerência regular passou o sentido,
Do nada que se faz, seja o que for,
Beijando o vento que se faz de perdido
Numa promessa que é medo, num toque de uma flor…
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