A parte mais difícil em dizer olá é dizer adeus,
Passando por uma vida na tentativa de evitar a tristeza,
De perecer no sono de forma a não sentir qualquer dor,
Acabamos por nos tornar vítimas infames do nosso próprio medo do sofrimento!
Porque medo da dor é não viver,
É ser indefeso e proteger-se a si mesmo,
Solidão não combina com segurança
Não ter medo não é morrer,
É não ter medo de o fazer!
Preenchidas as vidas em redor de uma só página,
Fecha-se um ciclo para sempre guardado,
De cores diferentes escapam as tintas dos finais
Que se definiram e escreveram pela mão do Poeta
Que juntou tantas formigas e as fez amarem-se,
Odiarem-se, sorrirem, chorarem,
Em suma, viverem uma vida curta, mas longa demais,
Em que o momento que mais pesa é o que sabemos que chega,
O que por vezes mais desejamos,
Aquele que nunca recordamos, mas que por força nunca esquecemos,
A despedida…
O último toque de pele contra pele,
As palavras dirigidas em secretismo perante
Uma audiência que as bebe e as devora,
Como se de últimas se tratassem, pois são na verdade as últimas…
Após a recordação magoada
Das escolhas que ditaram caminhos fendidos,
Seguindo o desespero do inevitável fim,
Podemos olhar em redor e sorrir,
Está tudo chorado, nada ficará esquecido,
Amámos quem amamos, sobrevivemos ao tempo,
Sorrimos, porque no meio da tristeza
Existirá sempre luz, existirá sempre toque,
As cortinas não se fecham a menos que nós ditemos o seu fim,
E agora, finalmente, acompanhado por um último suspiro,
Digo, regalado, que vivi uma boa vida, virando a página
A cor ainda é branca, mas marcada por linhas que nunca desaparecerão,
Entrámos nesta história indefesos,
Saímos dela Homens…
Sem comentários:
Enviar um comentário