Relógio parado marca o tempo que não passou,
Em qualquer ocasião de minha mente refém,
Imaginando o real que por fé não se mostrou
E decidiu dar tempo a quem já o tem,
Repetitivo movimento aberto e circular,
Ampulheta de sonhos que sem força aparece,
Noto o disfarce que opta por se mostrar
Num espelho de um lado que em mim transparece.
Dar uma oportunidade à mudança que vem
Parece um crime transcrito com sangue na parede,
Envenena-me o copo que bebo com desdém,
Que escolha tenho, senão morrer de sede?
Mas a aparência iludida é um sopro que passa,
O tempo desvenda os segredos em frente,
Gritando um nome em uníssona farsa,
De nada serve o corpo se fraca é a mente…
Verei algum dia a luz neste corpo morto?
Ciclos que se fazem na sombra eternamente,
Sorrisos tão esguios quanto um barco no porto
Desviando-se das ondas e seguindo em frente!
Ninguém há-de engolir a sadia caravela,
Que a casa tem montada no bravo mar,
Esquecendo as ondas, montando a tela,
Fazendo o futuro feito a navegar…
Ecos de razões para não perder a razão
Em passar os minutos no gélido ambiente,
Abraçando o calor da palma da tua mão,
Pensar o futuro é viver o presente!